Neste dia 31 de março, mais
precisamente no dia primeiro de abril, se comemora 50 anos da tomada do poder por um grupo de
políticos e militares, que, com apoio americano derrubaram o governo de João
Goulart.
Ainda existem personagens vivos
desta época, portanto muitas vezes se desenha um quadro irreal, atribuindo aos
militares um papel de destaque que nem sempre tiveram, durante este período.
Alguns fatores ocorreram que
fizeram com que João Goulart perdesse o prestigio no cargo e que o resultado
desaguasse no golpe. Jaó Goulart assume o poder com a renuncia de Janio da
Silva Quadros, que depois de governar sete meses renunciou.
A posse de João Goulart não foi
tranquila, herdeiro da política de Getulio Vargas, João Goulart não era bem
visto por alguns setores da sociedade e
na política de Janio de abrir dialogo com países não aliados dos
Estadunidenses, Goulart estava em visita na China Comunista, quando veio a
renuncia de Janio.
Os militares e alas conservadoras
da política nacional quiseram impedir a posse de Goulart e, neste ponto seu
cunhado Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul toma armas, e com o uso
da Radio Guaiba, cria a rede da legalidade. O palácio do governo em Porto
Alegre fica cercado.
Com João Goulart Tancredo Neves consegue encontrar uma saída,
aprovar o parlamentarismo, assim Jango, como era chamado João Goulart, pode
finalmente assumir o cargo no dia 7 de
setembro de 1962 no dia 2 de setembro de 1961, com o acordo ebtre Tancredo e oposição
a Jango o sistema parlamentarista foi aprovado pelo Congresso Nacional. Tancredo
Neves, do PSD de Minas Gerais, ministro do governo Vargas, tornou-se
primeiro-ministro.
Jango começa seu governo, mas
rapidamente começa a buscar que volte o sistema presidencialista para que seu
poder aumente novamente. Em 6 de janeiro de 63 o presidencialismo ganho em um
plebiscito realizado. A situação de Jango não é confortável, e neste sentido
Abelardo Jurema dirá mais tarde em seu livro “Juscelino & Jango PSD &
PTB”: “Sempre Considerei como chefes do movimento anti-jango os Governadores
Adhemar de Barros e Carlos Lacerda. Sem eles não teria havido a preparação
revolucionaria, a agitação nas ruas com “passeatas cristãs”, nem tão pouco
recursos para as coberturas das idas e vindas de emissários secretos as
diferentes regiões do pais. Também não haveria os meios para a cobertura de
despesas, como a de comprar armas. Os empréstimos americanos feitos aos dois
Governadores, alicerçaram-nos para uma vigorosa empreitada.
Carlos Lacerda com sua invulgar
capacidade de arregimentação de massas comovia grande parte da população.
Adhemar de Barros proclamava pela televisão que tinha 60 mil homens em armas
para lançar contra Jango.
Abelardo Jurema que era Ministro
da Justiça de João Goulart, disse que em realidade Jango jamais acreditou na
radicalização que tomou conta da revolução de 1964.
Na realidade é um grande erro
hoje dizer e generalizar que todo o exercito era favorável ao golpe de 1964. Existiam
então militares que eram pró João Goulart e também militares que eram de linha
comunista.
Eu, como professor de história
lembro sempre que o PCB foi criado dentro do movimento tenentista em 1922 e em
1964, havia sim militares comunistas, como se percebe da deserção de Lamarca e
como foi confirmado a mim por um dos integrantes da reunião de marinheiros que
ocorreu às vésperas do Golpe no Sindicato dos metalúrgicos do Rio de Janeiro.
Os marinheiros estavam de prontidão
para reagir aos golpistas quando o comando mandou entregar armas sob pena de
ocorrer um massacre.
Fazendo este parênteses por assim
dizer vemos que a parte do exercito que estava ao lado do golpe, tinha a visão de
que o Brasil caminhava para uma republica de um partido único e um sistema sindicalista.
Por causa disto aderiu ao
movimento dos governadores Adhemar de Barros e Carlos Lacerda, segundo o
General de Exercito Aurélio de Lyra Tavares, no seu livro “O Brasil de Minha Geração”
o ano de 1963 se encerrara quanto já tudo parecia perdido. As forças armadas
sentiam ante o clamor dos apelos que recebiam a angustia que pesava sobre as
forças vivas da sociedade.
Este autor cita as criticas que
sofriam os chefes militares de maior expressão então por parte dos
sindicalistas e o autor nos escreve: “como sempre ocorre no processo de
comunização, marchava o pais para o regime unipartidario, para uma espécie de
republica sindical, com as forças armadas prestes a serem constituídas, depois
de expurgos necessários e sucessivos, apenas de operários e soldados, todos
igualmente catequizados ou compelidos, pela drástica disciplina, a cumprirem,
com fanatismo e superveniência, à maneira do nazismo, os mandamentos incluídos no
catecismo do chamado Partido do Povo.”.
É diante deste quadro que, vendo a proximidade da esquerda brasileira ao
governo João Goulart, vendo a disciplina dos quartéis sendo abalada pela linha imposta pelo governo, que políticos e
militares se unem e com apoio Estadunidense, no dia 31 de março de 1964 inicial
o golpe que em poucas horas, já na manha de primeiro de abril tomará o poder no
pais.
Nos dias que antecederam ao golpe, ocorreu uma
intensa movimentação de políticos e generais, como o encontro entre Magalhaes
Pinto, os generais Olímpio mourão filho, Carlos Luis Guedes Marechal Denys e o
Comandante das Forças Estaduais de Minas.
É depois que João Goulart irradia
seu discurso aos Sargentos e que o General de Divisão Olympio Mourão Filho resolve enviar suas
tropas para atacar o governo. Neste ponto
se deflagrou o golpe. No dia 4 de abril de 1964, num acordo de governadores, em
uma reunião onde sete governadores compareceram: Carlos Lacerda da Guanabara
Ildo Menegheti, do Rio grande do Sul, Adhemar de Barros, de São Paulo, Magalhães
Pinto de Minas Gerais, Fernando Correia da Costa de Mato Grosso, Nei Braga do
Paraná e Mauro Borges de Goiás, e conversaram com Costa e Silva que se colocara
como Comandante em chefe das forças
revolucionarias.
Todos a favor de uma eleição imediata
pelo congresso ao contrario de uma junta governativa por 30 dias, uma acalorada
discussão ocorre entre Costa e Silva e Lacerda e na sequencia dos fatos, Castelo Branco é colocado como
Presidente como queriam os governadores então.
Bibliografia:
General A. de Lyra Tavares, O
Brasil de Minha Geração, Biblioteca do Exercito Editora, 1977
Abelardo Jurema, Juscelino &
Jango PSD & PTB”, editora artenova, 1979.
John W F Dulles, Castelo Branco O
Caminho para a presidência, livraria José Olympio 1979-