domingo, 7 de outubro de 2007

CAFÉ (tragédia secular)



Relendo Mário de Andrade poeta, escritor, ensaísta, folclorista que, participou e foi um dos organizadores do movimento modernista de 22, reli a peça de teatro em forma de poema “Café – tragédia secular”. Interessante como mesmo depois de meio século, este texto ao invés de representar um momento histórico, continua atual, provocando nossas consciências para o erro que cometemos, ou seja, nosso descaso com a administração do país e com a fome que nele existe.
Na estrutura do poema temos “O coral do queixume”, lembrando nosso habito de choramingas, o “madrigal do truco”, lembrando nosso dia-a-dia, onde queremos ser o que não somos e assim por diante.
Na metade do poema o autor nos traz a embolada da ferrugem, onde o deputado da ferrugem tece um comentário sobre a ferrugem na panela de cozinha do qual transcrevemos a primeira estrofe:

“Sobre a ferrugem
Das panelas de cozinha
Do país maior mistério
Diremos uma cousinha
O assunto é serio
Que as cozinheiras já rugem
Coléricas com a ferrugem
Das panelas de cozinha”


O poema continua com a mesma linha e na metade, um estivador da galeria grita: “praquê panela si não tem o que cozinhar!” (sic). O poema continua e no final se encerra com o hino a fonte da vida, falando da importância de se lutar pelo renascimento do Ser Humano.
Neste ponto devemos ponderar que nossa realidade não mudou nada, ainda temos neste pais um grande contingente de miseráveis, de pessoas alijadas de sua condição humana e que por final acabam invariavelmente ouvindo do governo sempre propostas inúteis e que não lhes ameniza em nada o problema. Este mesmo contingente de miseráveis quando se volta para nossa sociedade acaba encontrando na maior parte das vezes indiferença e preconceito.
Assim devemos nos perguntar como queremos ser um pais plenamente desenvolvido se ainda temos atitudes da década de 40, como ser um pais em evolução se muitas vezes querermos negar princípios conquistados não por nós mas pela humanidade como por exemplo “a declaração universal dos direitos do homem”.
Nossa sociedade deve se esforçar para dentro de parâmetros corretos, conduzir as políticas públicas, visando sempre em ultima analise verdadeiramente elevar a condição humana em nosso pais, abolindo o velho costume de governar e conduzir o pais visando somente o bem estar de poucos.

MENTORE CONTI

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