quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O Momento Político

Vivemos no Brasil um momento perigoso para a política, pois os desgastes que sofrem as instituições podem dar margem ao surgimento de pessoas que arrogando-se o papel de líder podem ganhar a massa e atingir o poder. Esta possibilidade não é nada mais nada menos que a necessidade da qual Nicolau Machiavelli[i] diz dever existir para criar a ocasião de um individuo tornar-se príncipe de um povo.
Nos últimos meses o Congresso Nacional age ferindo padrões sociais e, ainda que estes atos estejam dentro das normas legais e dos regimentos em geral, politicamente criam um distanciamento propicio às idéias de supressão do poder legislativo como temos atualmente.
É comum ouvirmos que não há perigo real de um ato como este de supressão dos poderes ou implantação de ditaduras, mas se analisarmos a sociologia e a política, pode sim haver, por um mecanismo político a criação de uma estrutura diversa e oposta ao que temos. Neste aspecto a democracia não é o único regime político que contemporaneamente excluiria qualquer outro.
Basta lembrar para isto a revolução Iraniana do Aiatolás, que em 1979, tomou o poder substituindo um governo de modelo ocidental, por uma teocracia islâmica. Ou mesmo ultimamente na Venezuela, aonde Hugo Chavez, por eleições chega ao poder impondo-se como líder populista.
Ao analisarmos estes fatos e a evolução política em nosso país, percebemos que desde os primeiros tempos o executivo tem preponderância sobre o sistema legislativo. Para nossa população o único governo “visível” é o Executivo, pois ao falarmos em governo, nunca pensamos em Vereadores, Deputados Estaduais e Federais, pensamos em Prefeitos, Governadores e Presidente.
Assim diante deste quadro, não seria difícil um político que desejasse perpetuar-se no poder, utilizar da crise do legislativo como ponto para se impor como líder, atribuir os erros políticos ao Congresso Nacional e, com uma propaganda baseada em psicologia de massa, criar as bases de um neo-populismo.
Uma outra questão que devemos ter em mente é a doutrina ensinada por Nietzche em seu livro “Alem do Bem e do Mal”
[ii] onde o autor nos diz: “...aqui honras são prestadas à compaixão, à mão obsequiosa e auxiliadora, ao bom coração, à paciência, à aplicação à humildade, à amabilidade, pois são aqui as propriedades mais úteis e quase os únicos meios para suportar a pressão da existência.”
Oras, dentro destas linhas vemos, infelizmente que o atual presidente vem se apresentando dentro de determinados quadros de acontecimentos e com o comportamento necessário, segundo Machiavelli e Nietzche para tomar o poder em definitivo, alterando a estrutura do Estado a seu favor, se uma oposição consistente e seria não lhe desviar deste objetivo

Mentore conti, 2/10/07



[i] O Príncipe, Emus Editora, 11 edição, 1977, (com comentários de Napoleão Bonaparte), págs., 33..
[ii] Alem do Bem e do Mal, Editora Rideel, 1ª edição, 2005, pág., 218..