(texto: Mentore Conti)
Ao contrário do que se pensa a república quando foi proclamada não foi por um modo tão pacífico como os livros didáticos às vezes deixa transparecer.
Em novembro de 1891 o Marechal Deodoro diante de uma crise institucional e econômica ordena o fechamento do congresso. Diante desta violação constitucional, a marinha comandada pelo Almirante Custódio de Melo ameaça bombardear o Rio de Janeiro e diante do perigo de guerra civil o Marechal Deodoro, que tinha proclamado a república em 1889, deixa o poder renunciando.
A crise momentaneamente passa mas o vice do Marechal Deodoro era Floriano Peixoto, e ao invés de renunciar juntamente com Deodoro faz uma manobra política e assume como presidente.
A construção da época determinava que em um caso desses deveriam ser feitas novas eleições e a atitudes de Floriano Peixoto fez com que a marinha novamente se levantasse.
Mais uma vez, comandada por Custódio de Melo, navios da marinha ocuparam a baía do Rio de Janeiro ameaçando bombardear a cidade.
Custódio de Melo candidato declaradado a sucessão presidencial e agora com Saldanha da Gama Eduardo Wandenkolk dá início ao que se chamou revolta da armada.
Desde a proclamação da república o prestigio da marinha tinha caído em relação ao Exército que agora comandava o poder da chamada república das espadas.
Em setembro de 1893 vários navios da marinha trocaram tiros com os fortes do exército que protegiam a cidade do Rio de Janeiro e por segurança a capital foi transferida para Petrópolis.
No rio muitos voluntários acabaram apoiando exército impedindo que os marinheiros revolucionários desembarcar em terra.
Mas nestas batalhas do Rio de Janeiro as ilhas da baia rapidamente cairão na mão dos revoltosos a exemplo da Ilha do Governador Paquetá e seu pequeno arquipélago. Mesmo tendo em seu poder estas ilhas, os rebeldes mas não tinham um local propício a subsistência da tropa e logo o fundo da baia foi facilmente tomada e Magé importante cidade no local foi ocupada em meados de novembro de 1893 pelos revoltosos.
Ocupando militarmente a cidade ali fizeram centro para fornecimento de gêneros alimentícios para suprir os comandados. As tropas legalistas não se restringiram apenas em combater os revoltosos mas passaram a praticar uma verdadeira barbárie contra a população civil. Entre seus comandantes a tropa legalista contava o coronel Manoel Joaquim Godophin.
As tropas federais tinham ordem de saque e degola, talvez por achar que estavam em numero inferior aos revoltosos. E por este motivo ameaçou massacrar a população local e acabou cumprindo o que prometera.
Sem chance de vitória no Rio de Janeiro os revoltosos da marinha, procuraram alargar a revolta dirigindo-se a Desterro, nome antigo da capital de Santa Catarina, (somente depois da vitória de Floriano Peixoto, esta capital passa a se denominar Florianópolis.
Em Desterro os revoltosos tomaram a cidade, com a adesão de diversos catarinenses ao movimento da marinha. Entre eles está o Barão do Batovi, Marechal Manuel de Almeida da Gama Lobo Coelho d'Eça, ex-presidente da Província de Mato Grosso e herói de guerra na Guerra do Paraguai.
Os revoltosos levaram para Desterro, entre outros navios encouraçado Aquidabã e ao tomar a cidade criaram pontos de defesa em vários locais da ilha a exemplo do forte de Santana próximo de onde fica hoje a ponte Hercílio Luz.
Ali praticamente declararam independente do país a cidade e criaram um governo próprio. Floriano Peixoto reage e prepara um ataque à cidade. Para isso conta dentre vários catarinenses com Hercílio Luz politico de Blumenau que prepara um grupo de 150 homens para atacar Desterro.
Hercílio Luz sai bombas/bombinhas para chegar ao norte da ilha de Desterro, enquanto a tropa legalista usa navios para cercar a cidade, usando também a Fortaleza de Santa Cruz na ilha de de Anhatomirim.
Os legalistas conseguem atacar a cidade, inclusive ponto fora de combate o navio Aquidabã entrando por terra na ilha Hercílio Luz faz um ataque no palácio do governo hoje conhecido Palácio Cruz e Souza.
Durante a tomada desterro parte dos revoltosos são presos e a população sofre, como em Magé, ataques indescritíveis não se respeitando de modo mesmo quem não pertencia ao movimento da revolta.
A câmara municipal, o Teatro Álvaro de Carvalho no centro de Desterro e outros prédios públicos tiveram seus porões usados como cadeia. Os prisioneiros eram encarcerados nestes locais e depois muitos deles foram levados para a fortaleza de Santa Cruz na ilha de Anhatomirim.
Neste forte foram os prisioneiros foram fuzilados sem processo regular. Entre os prisioneiros estava Barão do Batovi,
que já citamos antes. Muitos revoltosos entraram para o continente conseguiram ainda criar revolta no Paraná, onde presos sumiram entre o trajeto Curitiba-Paranaguá e outros ainda se aliaram aos Federalistas do Rio Grande do Sul, onde também foram combatidos.
Em Santa Catarina terminada a revolta, Hercílio Luz acaba se tornando governador cria uma série de realizações que vão mudar a cidade. A cidade chamava Desterro passou a se chamar Florianópolis e hoje um dos principais cartões postais da cidade que é a ponte, tem nome Hercílio Luz.
Com desgaste de combater a revolta da armada Floriano Peixoto mesmo vencendo os revoltosos deixa o poder terminando com ele o período da república das espadas.
Na sequência o presidente Prudente de Morais que vai ter o trabalho de pacificar o país e estas cidades onde ocorreu a revolta da armada.
Essa parte da história é pouco lembrada na maior parte dos livros de história, mas tem uma boa obra sobre o assunto denominada “A Revolta da Armada” do autor Hélio Leôncio Martins.