Temos assistido um aumento da violência doméstica e muitas vezes nos perguntamos, porque pessoas que se unem buscando formar um lar, conviver bem, ter filhos, terminam em atos de lesão corporal e até mesmo homicídios.
Aqui devemos fazer uma analise do porque este quadro é tão alto. Primeiramente, alem da sobrecarga de trabalho que leva as pessoas a viverem próximos de uma crise nervosa, devemos lembrar que, de alguns anos para cá, os lares são formados sem que os cônjuges pensem em um futuro comum, querem ter uma convivência comum, apenas enquanto durar a paixão.
As pessoas hoje esquecem que esta paixão é força de atração entre o casal, mas que cada componente do casal deve procurar a construção de algo mais, ou seja, o futuro de uma vida comum e neste ponto, dentro desta vida em comum, a formação sólida dos filhos, Abdicando de suas horas de lazer para impor limites aos mesmos.
Se a família tinha problemas de desagregação porque os pais não estavam sabendo lidar com a personalidade dos filhos, que crescem e também tem o seu espaço, outro fator veio para piorar a situação. Atualmente voltou a tona a idéia de hedonismo.
O hedonismo é o principio pelo qual as pessoas querem ser felizes, viver felizes e, qualquer coisa que interrompa ou ameace esta felicidade, deve ser eliminada da vida da pessoa. Este principio vai provocar um individualismo exagerado, onde a pessoa na ânsia de ser feliz, não pode abdicar de sua liberdade, na idéia de que sua liberdade total leva a felicidade.
Neste ponto a vida em comum do casal entra em crise, pois em um casamento, é necessário perder parte da liberdade em prol do outro cônjuge, ter regra de horários e convivência com os filhos. Assim esta felicidade buscada a todo o custo entra em choque com a estrutura da formação familiar e daí, os conflitos e as agressões que aumentam a violência domestica, contra a mulher, contra os filhos e as pessoas mais velhas.
Outro fator também é a maior liberdade que a mulher alcançou em nossos dias, bem diferente do que ocorria antes da década de 50 e esta maior liberdade, somado ao papel social da mulher, que se projetou no mercado de trabalho, gera, muitas vezes, em um lar com certa desagregação, um desconforto social ou ciúmes para o homem, por imaginar que sua mulher possa deixá-lo, ou por não ser mais o centro da família gerando, no caso do ciúme o crime passional.
Assim estes fatores somados a um relativismo religioso, a uma ausência de religião em muitas famílias, contribuem para um aumento da violência familiar contra a mulher, como citamos acima, e entre familiares de um modo geral.
Alem da criação de leis, e aparatos de proteção contra a violência domestica, é necessário repensar nosso papel social, buscar formar uma família que aprenda a conviver com as individualidades de cada um, que pense em um futuro em comum e que tenha como um dos pilares de sua formação uma pratica religiosa.
Santo Agostinho nos ensina falando sobre os bens do matrimonio que
“A Primeira Sociedade foi constituída por um homem e uma mulher. Deus não os criou separadamente, unindo-os depois como dois estranhos. Do homem tirou a mulher, manifestando assim a força da união no lado, do qual foi extraída e formada a mulher. Pelos lados se unem dois que caminham juntos, e se dirigem ao mesmo ponto".